Do que se trata...

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O espetáculo ETERNO coloca ao público, através do teatro e da dança, a solidão e as angústias de uma mulher que aguarda o retorno do marido que viajou. Em contraponto, apresenta os sonhos e as idealizações da filha, que anseia por conhecer o pai. Duas vidas, duas perspectivas que divergem na forma de ver e sentir, porém regidas por um mesmo verbo: esperar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

APRESENTAÇÕES EM PORTO ALEGRE

Do dia 06 a 10 de dezembro/2010 aconteceram as apresentações em POA, no Teatro Alziro Azevedo. Nos primeiros dias estava um pouco nervosa, por ser meu trabalho de conclusão de curso (Teatro Bacharelado- ênfase em interpretação), mas depois do segundo dia, senti que o espetáculo fluiu bem. Conseguia brincar mais em cena e aproveitar melhor as situações que se impunham (risada do público, telefone que toca no meio do espetáculo...).
Neste período de apresentações, tive que trocar a equipe técnica, porque os envolvidos já tinham compromissos e agendas marcadas para tal época. Quem poderia topar a empreitada? Só pessoas muito queridas como os colegas Pablo Damian, Keka Bittencourt, Carol Gonçalves, Luís Fabiano, Kevin, Lu e Lucca...OBRIGADÃO, GENTEM!!!!!!!

A receptividade do público foi muito boa! Muitas pessoas vieram conversar comigo depois do espetáculo para dizer como ele havia as tocado e como elas se identificavam com ele. (Infelizmente pessoas identificam-se com ele.Histórias de abandono e de solidão ninguém deveria saber como é...O final deveria ser sempre uma surpresa..)

APRESENTAÇÕES EM CAXIAS DO SUL

Dias 25 e 26 de novembro, aconteceram as apresentações no SESC de Caxias do Sul. A recepção foi muito boa, o público adorou, tanto as pessoas que me conheciam quanto as que não sabiam de minha existência. Tudo foi muito emocionante. Estava completamente nervosa, pois era o momento da estréia, em que principalmente minha família aguardava ansiosa para ver o resultado do trabalho. 
Dos dois dias, o momento mais emocionante deu-se  na primeira noite, na parte que se segue à música Se essa rua fosse minha . Estava de cabeça baixa, quando levantei o olhar e deparei-me direto com o rosto da minha mãe, no público, chorando. A vontade que tive era de largar tudo no palco e sair correndo para afagá-la. Depois da apresentação, ao me cumprimentar, ela disse: “Nesses 25 anos, esta é a primeira vez que chorei pelo que aconteceu”. Essa foi a frase que marcou todo este período entre construção e apresentação.


                                      

FINALIZANDO O ESPETÁCULO...(novembro/dezembro)

     Neste mês, acabei permanecendo mais em Caxias do Sul do que em Porto Alegre, a fim de  estar mais em contato com a direção. Precisava de alguém que criasse comigo, e não apenas que apontasse novas sugestões. Precisava que o diretor exercesse sua função de diretor. Aqui comecei a me questionar sobre o meu papel de criadora e intérprete. Talvez, por se tratar de uma construção autobiográfica, eu estivesse me intrometendo nas demais funções ( direção, figurino, sonoplasta) e tolhendo o processo criativo dos profissionais envolvidos. Lembro que em determinado momento o diretor falou pra mim: “Sei que tu tá preocupada com este trabalho, já que ele retrata a tua história, da tua mãe, e também por ele ser teu trabalho de conclusão, mas agora eu preciso que tu deixe de te ver de fora e comece a confiar mais em mim”.
     A partir deste dia, passei a confiar mais e aceitar tudo o que os olhares externos me diziam, sem questionar, colocando com prioridade a execução do que estes propunham, na minha função de atriz.
     Percebi que a partir de então tudo ficou mais fácil. Conseguia aproveitar melhor as ações, as cenas, degustar com mais calma cada momento criado. Algumas cenas foram cortadas do roteiro, outras diminuídas, outras criadas, e enfim, estabelecemos a estrutura final do espetáculo.

ETAPA 4 - APRIMORANDO O MATERIAL...(outubro/novembro)

Este foi o período em que a orientação e a direção entraram no trabalho, justamente por uma necessidade minha de ter um retorno externo a respeito do que havia construído. No primeiro ensaio com a minha orientadora Luciane Olendzki, ela apontou uma série de questões e sugestões, principalmente referente à dubiedade das ações. Por mais que eu tivesse pesquisado formas variadas de traduzir as sensações, os sentimentos,  e os fatos da história, ainda estava apegada demais à preocupação do entendimento do público para com o que eu estava querendo comunicar, ou seja, estava calcada apenas nos fatos em si. Luciane sugeriu que eu passasse a pensar nos momentos como passíveis de dupla leitura, pois tudo estava ficando muito literal. Na parte em que apresento o parto, por exemplo, sugeriu que eu pensasse não apenas na ação de parir, mas em toda a atmosfera que existe entorno dela: a vontade de se desprender daquele corpo gigantesco, da pressão de ser mãe, na ânsia de se livrar do peso que dificulta a operacionalização de outras ações, entre outros tantos significados.
Comecei, então, a compreender que o interessante neste trabalho, mais do que a leitura do público em relação ao enredo, deveria ser explorada a construção de suas sensações. E foi nesse ponto que comecei a investir.
Retomei os materiais de pesquisa que havia coletado na primeira etapa (principalmente os vídeos da Pina Bausch) e tornei a analisá-los, e aí sim pude compreender que o significado de sua movimentação não parte do externo, de sua formalização no espaço, mas de questões internas do intérprete, da emoção e do que ele necessita dizer.
Tive muita dificuldade em perceber isso, já que venho de uma formação clássica que preza mais pela virtuose do artista do que pelo próprio significado da obra. Desde o início do projeto sabia que não queria trabalhar sobre a idéia do cabotinismo, da exploração de minhas virtudes, mas sobre algo sincero, que realmente tocasse a quem me assistisse – ainda mais por estar trabalhando sobre uma parte da vida de minha mãe, e minha também, sentia-me na responsabilidade de cuidar com todo o carinho deste material. Mas como negar uma educação de 20 anos em apenas 5 meses? Esse foi meu maior desafio, não só nesta etapa como durante todo o processo: deixar de lado a preocupação com a  forma, para salientar o significado do que se pretende comunicar.
A direção, como comentado logo acima, também adentrou neste período no projeto. Sugeriu alguns exercícios de Michael Checkov, em que se trabalhariam ações que trouxessem emoções análogas aos momentos tratados no roteiro. Por exemplo, no momento em que a mulher é abandonada com a filha nos braços, o diretor Márcio Ramos sugeriu que eu me equilibrasse em apenas uma perna, e que agüentasse para além dos meus limites. Quando chegasse nesse determinado momento, então que eu começasse a chamar por ajuda. Segundo ele, este tipo de exercício me ajudaria a levar verdade à demanda da ação cênica.
Porém, no segundo ensaio que tivemos, sentamos e conversamos sobre como percebíamos a maneira de execução do projeto. Chegamos à conclusão de que cada um estava vendo o trabalho de uma forma diferente: eu, partia do suporto que não havia intenção em representar nenhum personagem, mas que seria eu mesma passando por todas as situações da peça, e dessa forma, colocando também minha opinião acerca dos acontecimentos; enquanto Márcio via os fatos serem contados por personagens diferentes, sendo assim, buscando prioritariamente a construção desses personagens.
Entramos em consenso e partimos para a idéia que eu defendia, da menina que joga sendo tudo (o pai, a mãe, a acriança, ela própria), eu, Stefanie, passando por todas as situações, mas sempre com um espírito infantil ao fundo, de brincadeira.
Mas isso já era o fim do processo, e teríamos em torno de 20 dias, até as apresentações em Caxias do Sul. Devido ao projeto ter sido aprovado naquela cidade, uma das contrapartidas é que a estréia se desse lá, então, antes de levar à Porto Alegre, teríamos que passar por algum palco caxiense.
Aqui também se iniciou a pesquisa do figurino. Chamei a responsável por ele, Letícia Pinheiro, para assistir a dois ensaios, a fim de ela perceber o clima do que seria o espetáculo para que ela começasse a procura por referências. Letícia foi minha colega de no DAD, e hoje em dia está se concluindo o curso de Moda e Estilo, na ULBRA. Como tem interesse em especializar-se na área de FIGURINOS, e por trabalharmos no mesmo grupo de teatro em Porto Alegre, o Pindaibanos, achei que seria interessante firmarmos parceria neste trabalho também. Abaixo, depoimento de Letícia a respeito da construção do fgurino:

Reconheci três figuras principais na encenação: a mulher repleta de sonhos ( o casamento e a consumação deste com o nascimento de uma filha), a mulher abandonada pelo seu amor e a desilusão( os preconceitos enfrentados por esta mulher, agora uma mãe solteira) e a menina que cresce sem conhecer o pai.
A Stefanie havia me dito que pensava em um vestido branco , então conversei com ela e chegamos a conclusão que o branco é muito representativo das noivas, das debutantes e da primeira eucaristia da igreja católica. Resolvi trabalhar então com tons de nude e alguma cor que trouxesse a leveza da infância.
Montei 2 painéis com imagens que me remetessem a feminilidade associada à leveza e a inocência.
A partir destes painéis e das referências que tjnha da peça desenhei 3 croquis com 3 possibilidades de figurinos e levei para Tefa, a partir das observações dela desenhei um croqui que juntava referências destes 3 primeiros croquis mais referências apresentadas no painel e as novas observações de Stefanie.
Escolhi duas cores para o figurino; um nude( um pouco rose) e um azul turquesa. Os tecidos escolhidos foram o musseline( pela leveza, caimento e movimento) e a renda(que me remete as rendas do vestidos de noiva, além de marcar a silhueta). A renda de cor nude foi usada para parte de cima da roupa (blusa), marcando bem a silhueta e trazendo um pouco de transparência( eu prôpus a Stefanie a transparência para revelar um pouco a pele, mas não de maneira explícita, como a mulher que mostra-se para o marido, mas que também tem seus desejos mais profundos guardados), e a musseline; nas cores nude e azul turquesa, foram usados na parte de baixo do vestido (saias), as duas camadas de cima no tom nude, e a de baixo azul turquesa que traz a leveza e alegria da inociencia e da infância, e também nas mangas da blusa, seguindo a mesma idéias. Na parte de cima da saia eu apliquei babados e florzinhas(inspiração nas noivas).Os botões foram colocados na lateral esquerda da roupa para trazer feminilidade e um toque retrô .
Através de nosso encontro com a orientadora, ficou enfatizado que a peça tratava de memórias a Stefanie, que o figurino ainda que belo como eu propunha teria que ter  queria que o figurino tivesse um  um aspecto de velho, detonado, “como de uma longa travessia, viagem, jornada em um labirinto, queda em um buraco, desvario num jardim de recordações”, segundo Luciane.  Então, eu me remeti ao figurino como se fosse tirado de um baú de lembranças, como se aquela noiva – criança abondonada tivesse andado com aquele vestido por vários lugares, queimei a barra do vestido e as mangas com vela, para trazer este aspecto de desfiado, rasgado e tingi o figurino com café e tinta de tecido de tom ocre.


 Junto á figurinista, entrei em contato com o criador da sonoplastia e trilha, Rafael Salib, não apenas por ser meu namorado, mas por trabalhar com pesquisa e criação de trilhas para espetáculos teatrais e cinema. Além deles, contatei a Generall produtora, uma produtora de Caxias do Sul, de alguns amigos, que trabalham com criação de vídeos publicitários e vídeo-arte .