Do que se trata...

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O espetáculo ETERNO coloca ao público, através do teatro e da dança, a solidão e as angústias de uma mulher que aguarda o retorno do marido que viajou. Em contraponto, apresenta os sonhos e as idealizações da filha, que anseia por conhecer o pai. Duas vidas, duas perspectivas que divergem na forma de ver e sentir, porém regidas por um mesmo verbo: esperar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ETAPA 3 - AÇÕES: CONSTRUIR PARA DESCONSTRUIR...(setembro/2010)

        Nesta etapa, selecionei as principais movimentações das quais surgiram na etapa anterior, e busquei trabalha-las mimeticamente, ou seja, imitando -as tal qual elas acontecem, para entender a fundo como cada ação se desenvolve, desde a força utilizada para sua execução até o espaço físico do qual ela necessita.
        Para embasar esta parte da pesquisa, utilizei alguns conceitos referentes aos estudos de Laban ¹, no que concerne à análise do movimento. Laban considera que o movimento divide-se sob quatro perspectivas: peso (atitude energética ou relaxada), espaço (atitude flexivel-indireta ou direta-linear), tempo(atitude curta-rápida ou lenta-prolongada) e fluência (atitude livre-liberta ou controlada-contida), e a partir deles busquei compreender cada milésimo de cada ação, repetindo-as quantas vezes fosse necessário, decupando cada pequeno gesto, entendendo quais partes do corpo utilizava para a execução, a força empregada, o tempo e a tensão.
         Depois de duas semanas dedicadas a esta investigação, me senti um pouco mais segura para começar a variar suas qualidades. Se uma ação caracterizava-se por ser forte, direta e rápida,por exemplo, brincava de transformá-la em fraca, indireta e lenta, para perceber as mudanças que ocorriam no movimento, e o que de interessante poderia permanecer a partir de sua  variação. Neste momento o que mais me interessava era o fator da desconstrução, não por uma ânsia de inovar, mas pela vontade de descobrir as múltiplas possibilidades que existem a partir de uma ação. 
         Um espécie de coreografia acabou sendo gerada, em cumplicidade às músicas já comentadas anteriormente.

(incompleto...continuar...)

Laban ¹ Professor e coreógrafo, organizou várias escolas na Europa e viajou pela Alemanha inteira com sua companhia.Interessava-se pelos “coros de movimento”, danças grupais celebratórias realizadas em espaços rurais que davam aos dançarinos amadores “uma experiência compartilhada de movimento e senso de comunidade”. Paralelamente, desenvolveu um sistema de notação de movimentos, a “labanotação”, e investigou os princípios do movimento para encontrar um meio de organizar e analisá-los. Ocupou postos importantes sob o regime nazista, mas caiu em desgraça junto ao governo em 1936, quando mudou-se para a Inglaterra, onde passou o restante dos seus anos

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

ETAPA 2 - ESTRUTURAÇÃO DO ROTEIRO E INÍCIO DAS IMPROVISAÇÕES (agosto/2010)

     Com base no que foi experenciado na etapa anterior e em alguns relatos de minha mãe, elaborei um roteiro inicial em que as improvisações se pautariam. A primeira parte falava do sonho da mulher em se casar, e toda a magia que tal momento poderia proporcionar: o vestido branco, as pompas, as atenções voltadas à mulher, enfim, o seu momento de princesa. A segunda trata do momento em que esta mulher se torna mãe, em que deixa de ser apenas mais um indivíduo para transformar-se no ser que gera a vida. A terceira mostra o momento em que o homem parte para nunca mais voltar.
    Partindo destas três ações e das músicas selecionadas para o processo, iniciei as improvisações. Colocava o cd e deixava o tempo passar, ora dançando, ora parada escutando as melodias e letras, criando diálogos, historinhas, brincando livremente, sem muita pretensão de acertar ou descobrir ações mirabolantes.
     Nesta etapa preferi ainda ficar um pouco sozinha, sem direção ou orientação externa, para tentar levantar o máximo de informações e materiais possíveis, apenas deixando o curso da pesquisa fluir. A única ferramenta que me auxiliou, e muito, neste momento foi a câmera do meu computador. Deixava ele gravando todo o ensaio, desde o aquecimento até seu desfecho, e quando já estava exausta sentava para ver o que tinha de interessante naquela coleta, escolhia os momentos mais significativos daquele dia e moldava-os de acordo com o roteiro. Assim nasceram as bases de cena que originaram o espetáculo.


Abaixo, vídeo do primeiro mês prático do processo.

http://www.youtube.com/watch_popup?v=uHRWyM98FDY

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

1ª ETAPA- COLETA DE REFERÊNCIAS (julho/2010)

             Neste mês, a primeira etapa do trabalho, comecei selecionando músicas que pareciam pertinentes aos temas tratados - a esperança e a solidão - de acordo com suas melodias ou letras. Por ser meu primeiro trabalho solo em teatro, e por estar acostumada a trabalhar rodeada de pessoas, tratei de tornar a sonoplastia tão importante quanto um colega de cena, e foi o que ela acabou se tornando.

O princípio da música é o ritmo.
A simples pulsação ou "batida" já  implica maior densidade da ação ou aguçamento do interesse.
A música no teatro só existe em relação á energia do espetáculo.
(BROOK,  ano 2002, p31)


Músicas como as da cantora francesa Juliette Greco, de compositores brasileiros como Villa Lobos, Yamandú Costa e Dominguinhos, e outras canções folclóricas do nosso país foram escolhidas para fazerem parte desta etapa, por remeterem a sentimentos nostálgicos, por estarem associados ao imaginário brasileiro, e portanto, por  fazerem também parte na minha história pessoal.
            Aliado às músicas, fui em busca também de referenciais imagéticos (como as obras dos pintores Edward Hopper e Yuko Shimizu)  filmes que abordavam os assuntos (como o italiano "Cenas de um Casamento", de Bergman, "O`Último Beijo", de Muccino) e alguns espetáculos de Pina Bausch (como "Café Muller", "Walzer", "Aqua" e "Two Cigarettes in the Dark") . O intuito de formar este banco de informações surgiu pela necessidade de imbuir-me de novas referências e oferecer novos registros sensoriais ao meu corpo, para facilitar o trabalho no momento da criação.
            A cada elemento com que eu me encontrava, prestava atenção em como meu corpo se portava, e tentava reproduzir logo em seguida, com as mesmas qualidades, cada sensação obtida,a  fim de trabalhar com consciência de minha memória corporal.



Outra conclusão importante é que a memória se constrói com base nas informações dos estados do corpo. Quando uma imagem mental está sendo processada (de maneira consciente ou não),muitas memórias são evocadas, ativando registros dispositivos de diversas modalidades sensoriais, por meio dos mapas nos córtices sensoriais iniciais que foram gerados nas experiências anteriores com aquele objeto. (GREINER, 2005, p 90)


Edward Hopper

Edward Hopper
                                 

Yoku Shimizu

Yoku Shimizu